segunda-feira

Quando a profissão destabiliza

Este ano muita coisa mudou. Uma delas: o trabalho dele.

E como mudou...

Já sabiamos que não ia ser fácil. Bancos de 24h. Dias "perdidos" em livros. Horas oferecidas à casa.

Ao principio fiquei com receio do tempo que ia passar sozinha. Pela insegurança. Pela solidão.

Mas felizmente 9 anos como filha única foram de uma aprendizagem intensiva de como ocupar o tempo! E o bebé lindo da minha vida é uma excelente companhia.

Já à noite... eu que sou  uma medrosa de primeira, complica um bocadinho mais. Mas hei-de me habituar.

O bom disto tudo?

As saudades dele...

domingo

A vida a dois... e a três ou mais

Acabei de ler o post de uma bloger que sigo há muito tempo, que não conheço pessoalmente nem trocamos muitos comentários mas de quem gosto muito. Pela escrita despreocupada e descontraída sem merdinhas e sobretudo por toda a sua dinâmica familiar gira gira gira e por vezes muito divertida.

Mas fiquei triste. Separou-se. Assim...

Tantas vezes pensei sobre como era gira a relação que ela tinha com o marido. Entre todos.

Ela levava - e leva -  a vida de mãe muito à vontade e de forma descontraída. Boa onda. Sem stresses.

Nunca mais me esqueço de estar a panicar a pensar que ainda estava aqui em Angola, de barrigão, e não tinha nada. Nada!!!! Nem um biberão. E ela lá me enviou um comentário a dizer para não stressar que bebé só precisa mesmo da mãe e do leite que está dentro da mãe. Tudo o resto não era imprescindível!

E pronto. Sem stresses!

...

Cá estou eu, intrometida, a pensar e a sentir tristeza por uma pessoa que não conheço. Mas é... sinto.

Porque é realmente difícil conseguirmos conciliar tudo. Mãe, esposa, profissional, amiga, mulher... tudo! E se as nossas avós conseguiam "na boa", eu defendo as últimas gerações, tão conhecidas pelos divórcios fáceis, que temos mais pressão. De todos os lados!

A vinda dos filhos é impulsionadora dos divórcios?

Acho que não é tão linear assim. Mas ajuda. As nossas hormonas ficam aos saltos. O cansaço é imenso. A vida de toda gente à nossa volta parece igual, só a nossa é que muda radicalmente. E depois a falta de tempo para nós!

Fico triste por saber que mais um casal não conseguiu superar as turbulencias do dia a dia. Um casal, que nesta minha visão distante e intrometida, me parecia fantástico e com uma dinâmica espectacular.

Mas depois penso que apesar de ter muitas vezes uma relação louca e nem sempre saudável, vamos ultrapassando todos os dias. Um por um. Conseguimos ultrapassar a distância. Feitios. Gostos diferentes. Um filho. Vidas profissionais loucas.

E aqui estamos.

Mais fortes do que nunca?

Não sei. Porque quando vêm as fases más parecem sempre ser "a pior de todas". Mas o que é certo é que embatem, podem fazer estragos... mas nós continuamos aqui.

Os dois.
Depois os três.
Quatro.
5. 6. 7. 8. 9. 10.
E já vamos numa família de 11.

8 quatro patas. Um bebé. E nós os dois...

sexta-feira

Tratar de assuntos em Luanda

É uma aventura.
AVENTURAAAAAA!

Pois que eu sou uma aventureira e hoje decidi tratar logo de três burocracias chatas que insistem em permanecer na minha TO DO LIST.

Primeiro:
Depositar um cheque e tentar perceber porque é que negam a transferência de dinheiro para a minha conta.

Coisa simples, certo?!
Errado!

Banco vazio, o que não é normal.
Depois de ficar 23 minutos contados minuciosamente à espera que o senhor depositasse o meu cheque (vocês sabem o que são 23 minutos a olhar para uma pessoa atrás de um balcão com o ar mais atarefado à face da terra enquanto deposita o meu único cheque?!?!?!) passei para o segundo assunto: a transferência que não deixam que aconteça.

E fazê-lo perceber o meu assunto?

Às vezes acho que não percebem pela pronuncia.

Expliquei, expliquei, expliquei...
"tem que marcar o NIB certo",
"mas marcam o NIB certo. Só que aparece uma mensagem a dizer que a conta referida não aceita transferências" , "é porque o NIB está errado"
... e andámos às voltas e voltas e voltas.

Daqui levei meio assunto resolvido e um papel com um IBAN em vez de um NIB.

Pode ser que resulte.

Segundo:
Tratar do seguro do carro.

E isto meus senhores, pensei que fosse o caos.
Papelada e burocracia até mais não, fila de espera de hoooooras e no final um "tem que ir ao banco depositar na nossa conta".

Pois enganei-me!

Tudo certinho. Aceitaram os documentos que eu tinha, multibanco disponivel, voilá!  em 35 min (também contados minuciosamente) tinha o seguro do carro na mão.

Happy happy!


Terceiro:
Tratar da minha carta de condução angolana.

Pois este terceiro já sabia que por maior boa vontade que tivesse do outro lado era impossivel.

Eu até arrisquei levar cartões, passaportes e carta... tenho sempre muita fé que o "mundo facilitado" chegue até aqui. Mas não.

Para além de formulários, fotocópias que seria de esperar e fotos tipo passe tenho toda uma lista de documentos a tratar. Daqueles que levam manhãs. Atestado criminal. De residencia. De certificação da carta (o que é isto?!?!?!?!), etc, etc, etc.

Fica para a semana.

Mas apesar de ter ficado com algumas coisas pendentes estou bem feliz por ter riscado alguns pontos da minha lista.

E é nestas alturas que acho que o smile das palminhas do skype devia existir em todo o lado!!!!!! (Não é, mana?!)

quarta-feira

"Nunca mudei nada lá em casa!"

Admiro aqueles pais que dizem que não mudaram nada em casa por causa do bebé.

...

........

Admiro merda nenhuma! Não vou ser hipócrita!

IRRITAM-ME solenemente os pais que dizem que não mudaram nada em casa.

Como é que é possível?!?!?!?!

"Ah, porque eu digo/dizia não e o bebé  obedecia!"

Pois caros amigos... eu digo não... digo não não não e não! E estou sempre em cima! E não sou das que diz não mas depois quando está cansada deixa fazer. Não! Eu digo não! E não é não! E ele pode chorar, berrar, atirar-se para trás, fazer beicinho ou pedir com carinho, que o não é não!

Ah, e também já tentei a técnica: em vez de dizer "não faz isso" dizer "vamos fazer outra coisa" - vai-se lá perceber que há senhores psicólogos que acham que as criancinhas não podem (ou não devem) ouvir muitas vezes a palavra "não"!. Mas é igual!

Por isso, como o meu filho não pára quieto, parte televisões, perfumes, arranca os fios atrás da televisão e só gosta da gaveta das facas, a minha casa é toda uma nave anti-desastres com bebés.

Ainda tenho sofás, mas se ele continuar a trepá-los da forma silenciosa como tem feito ultimamente acho que os vou tirar também! É que ele trepa-os e fica à espera que olhemos para ele. Quando olhamos ri-se com aquela cara traquina e atira-se cá para baixo.

ATIRA-SE!!!! De repente! À toa! Sem cuidado!

Por isso os sofás têm os dias contados...

segunda-feira

Estou viciada

"No sonho, idealizado nos nove meses de gestação, não havia som, a cozinha não estava permanentemente no cenário, a fralda trocada não tinha cheiro, o bebé não tinha a cabeça torta e a mãe e o pai estavam de banho tomado. Porque o nosso cérebro sonha limpinho e com recurso ao photoshop. (…) Então que me apercebi desta banalidade, que os filhos nascem e muitos dos pais entram em crise. (..) As tréguas são os cinco minutos a sós na casa-de-banho e até mesmo ir ao supermercado é válido para desanuviar.
Podemos culpar as novas identidades, a adaptação, o sono e o cansaço que geram tolerância zero, é tudo verdade. Mas cá para mim, desconfio que a razão principal é bastante mais quotidiana e menos profunda: o bicho papão do casal são as tarefas domésticas. Porque a vida conjugal pós-bebé é tarefeira que se farta. E ser mãe e pai é bom, muito bom. Tarefas à parte. No final, é como diz a frase do poeta: a vida é tudo o que acontece fora do planeado."

"Mas o Dedão d’Ouro vai mesmo para os indicadores, sem os quais tudo seria mais difícil. É que estas falanges carnudas são incansáveis: enfiam-se no bico da tetina do biberão para aniquilar qualquer pingo de leite vivo, entram narina adentro da Laura para soltar o macaco bandido que ela não consegue expulsar, apontam a migalha de pó onde a chucha poderá cair, espalham creme delicadamente como se quer num rabinho de bebé, afogam-se na água do banho a garantir que a temperatura está amena à sua pele tenrinha e limpam cera de orelhas, baba, lágrimas, ranho, cocó."

"Como todas as marcas, a Mãe® também aposta bastante em promoções - até mesmo antes do seu lançamento no mercado, numa estratégia de pré-adesão. Como há, literalmente, mais mulheres que homens, é fácil encontrar mulheres aspirantes a Mães, dispostas a dar um desconto a quem lhes faça um filho. Uma vez brindadas - e exaustas das noites por dormir - são capazes de acionar ofertas de última hora: “Bebé, se comeres a sopa toda, deixo-te ouvir o Tony Carreira enquanto desfazes o cão de pelúcia”. 
Mas o segredo para o seu grande sucesso, a razão da sua liderança inabalável, é este: não há cópia possível da marca Mãe®. Nem na China. Por isso, talvez seja a única marca no mundo inteiro que não vive da ameaça das marcas brancas à venda no mercado. Porque Mãe®, para o consumidor, há só uma."


Sofia Anjos. 
Jornalista do Público

Não tem blog nem tem livro. Um desperdício... 

domingo

Aprendizagens

O meu filho aprendeu a mexer - por mexer digo subir o volume e constantemente por na MTV - no comando da televisao!

sábado

São 8:38 e...

... o meu filho já partiu um brinquedo, atirou duas cadeiras ao chão, pôs a mesa de centro da sala na outra ponta e já conseguiu irritar todos os cães e o gato que em segundos desapareceram todos da minha vista.

Tudo isto em 45 minutos!

Vamos ver como corre o dia.

Gosto dos dias que fluem...

Não gosto dos dias em que o tempo passa a correr, nem dos dias em que estás de 5 em 5 minutos a olhar para o relógio para ver se já são horas de dar jantar, ou banho, ou deitar...

Do que eu gosto mesmo é dos dias que fluem. Em que de repente "oh! Já são horas de fazer o jantar?!". "Oh! Já são horas de tomar banho!". "Oh! Já adormeceu?!"

Ontem foi um dia assim. E soube-me tão bem...

domingo

A pouco e pouco

Lembro-me de estar cansada. De rastos, mesmo. E pensar "nunca mais vou ter tempo de pintar as unhas. Ou arranjar o cabelo. Ou arranjar um look com piada..."

(para mim é sempre o pior ou o ótimo. Não há intermédios na minha vida!)

E a pouco e pouco (passado um 1 ano foi muito devagarinho, mas pronto...) começo a ver tempo fashion aqui para estes lados.

Se bem que estivemos em portugal durante 1 mês e não comprei nada!!! Pronto, só uma saia. Mas umazinha só!!!!! Mais nada!!!!!

Para o ano, quando voltarmos, vou com uma sede de compras que esvazio a Zara, a MNG e a Massimo Duti!!!!

sexta-feira

Adoro esta foto...


E sabemos que a nossa vida mudou quando vamos ver as fotos do facebook e do Instagram e desde Maio de 2013 que é só bebés bebés bebés!

quinta-feira

Acorda. Sorriso malandro. Põe os bracinhos no ar a pedir colo. À medida que vai passando pelos armários vai esticando os braços porque quer sempre qualquer coisa. Chamo a Celeste. Ela fica com ele enquanto me arranjo de manhã.
"Adeus Gui. Beijinhos. A mamã já vem."
Já não chora. É tão bom...
Trabalho, trabalho, trabalho.
Saio já cheia de saudades dele,
Chego a casa.
Almoço.
Ele acorda.
Mal põe os pés no chão...

Corre atrás do Roy para lhe agarrar o rabo. O Roy ladra. Ele acha piada.  O Gucci rosna em apoio solidário. Gui começa a correr atrás do Gucci para lhe agarrar as orelhas. Grande confusão entre rosnares, ladrares e risos.

Silêncio.

Vou espreitar.

Gui está a desmontar a 3ª gaveta. Tudo pelo chão. Quando me vê ri-se e foge para o quarto.

Arrumo a gaveta rápido e vou ao quarto.

Está o computador a ser puxado por sua excelência que já consegue alcançar os primeiros 5 cm das mesas. Evito um desastre electrónico e craneal. Gui ri-se às gargalhadas e foge.

Vou atrás dele.

Sento-o à mesa. Dou-lhe o lanche. Quer porque quer pegar na colher. Lambusa-se todo. No final pega no copo do iogurte e despeja o pouquinho que ficou no fundo sobre ele. Ri-se às gargalhadas. Passa as mãos no sujo da t-shirt e leva à boca. Esfrega os olhos. Iogurte por todo o lado.

Ponho-o no chão. Lavo-lhe as mãos e a cara. Pega na minha mão e leva-me ao quarto dele.

Atira a bola. Chuto na bola. Vai em direcção à porta. Quer ir passear.

Vamos ao quintal.

Confusão maior: Strada aos saltos, Bé às voltas, os mais pequenos a ladrar. Strada só quer dar beijos ao bebé e o bebé não lhe liga nenhuma. Puxa a orelha da Bé, corre atrás do Gucci, afasta a Strada, puxa o rabo do Roy, até que vê a vassoura.

A vassoura!

Corre até lá. Sobe um degrau a custo e pega na vassora.

Hooooooras a brincar com a vassoura.

Dá com a vassoura nos carros, na Strada (como é matulona até ela acha piada), no chão, no portão, põe no ar, põe dentro do balde, põe...

Espera.

Balde! O Gui vê o balde. Com olhos de ver.

Despeja o balde. Atira-se para o chão. Mete as mãos na boca. Isto tudo em milésimos de segundos.

Todo molhado põe o balde debaixo da torneira a custo. Liga a torneira. Água por todo o lado. Balde caido de novo. Cães e gatos fogem todos!

Pego nele ao colo.
BERREIRO! Puxa, estica, bate, "Gui não faz isso", atira-se para trás, puxa de novo, mal entro em casa pouso-o no chão.

Ele levanta-se rápido e vai para o quarto dele. Vou lá ter. Mal chego foge com ar de traquinas. Escolho uma roupa do armário.

"BBBBBBBRRRRRRRRRRROOOOOOOOOONNNNNNNNNCCCCCCCCCC"

Cadeiras e mesinhas a serem arrastadas. Vou até à sala. Dispo-o mesmo ali. A roupa está encharcada. Visto-lhe roupa seca. Chora. Não gosta de ficar quieto.

Liberta-se de mim e continua nas mudanças dos móveis.

Levo a roupa para o cesto.

Silêncio.

Espreito para a sala e não o vejo. Vou à cozinha. Acabou de despejar a taça de água dos cães sobre ele. Ri-se às gargalhadas e foge.

Muda de roupa outra vez.

Espalho os brinquedos dele pelo chão e coloco o tapete da brincadeira. Livro rasgado. Comando da TV roido. Boneco de lado. Começa a bater com a colher de pau na TV.

Enquanto isto preparo o jantar.

Sento-o à mesa. Dou-lhe o jantar. Caos instalado. Roy e Gucci ficam no chão à espera do que vai caindo.

Limpo literalmente o jantar das mãos do Gui. Deixo-o andar mais um pouco à volta dos brinquedos. Rasga mais o livro. Roi mais o comando. Bate com as peças do xilofone no chão. Atira o cavalinho para longe.

Hora do banho. Água por todo o lado. Bebé feliz. Mãe encharcada.

Desliga as luzes. Ponho-o no berço. Mete-se comigo. Faz de esconde esconde. Tento manter a minha postura e não respondo à brincadeira. Dou-lhe festinhas para o acalmar. Dá saltos e ri à gargalhada. Contenho-me. Começa a arrancar o lençol. "Gui não faz isso!" Ri em forma de desafio e tira todo o lençol... e a capa do colchão... e fica só em cima do colchão.

Começa a chegar o sono.

Fica irritado. Começa a chorar. Dá-me o lençol. Chora mais um bocadinho com o lençol na mão.

"Agora ficas assim! O que é que a mãe disse?"

Faz-me uma festinha e dá-me um beijinho.

Fiz a cama. Deitou-se. Já dorme.

Parece um anjinho...