quarta-feira

Adoptar animais de estimação.

O Brick não liga a ninguém. Não se roça em ninguém. Só pensa em dormir, afiar as unhas no meu sofá e saltar o muro.

A Strada roi tudo. TUDO. Roeu os tubos da bomba de água. Roeu a ficha eléctrica. Roeu os farolins dos carros. Roeu o tapete de entrada. Roeu a casota dela. Roeu 4 chupetas do Gui. Roeu e roi tudo o que apanha. Só sabe saltar para cima dos convidados e mal sais de casa se não fazes uma festinha suja-te logo a roupa.

O Kent não deixa que ninguém lhe dê banho. Rosna, morde, ataca. Ninguém lhe pode mostrar água que ele entra em stress. O Kent não quer saber de ninguém. O Kent ladra sempre que alguém passa ou ouve um barulho na rua. Ou seja... constantemente.

A Bé tem uma pata ferida que nunca mais vai conseguir pôr no chão. Tem um problema de pele que só surge quando compramos ração... barata. Por isso, a Bé, cadela de rua encontrada com os ossos a sair pela pele só come Royal Canin. E a Bé não pode ver ninguém desconhecido que ataca. Ataca mesmo. Todas as nossas visitas já tiveram um incidente com a Bé.

O Gucci ladra. Muito. Quando vê uma vassoura. Quando vê o aspirador. Quando o bebé toca flauta. Quando enchemos um balão. Quando alguém bate à porta. Quando o vizinho fala. Quando o guarda assobia. Está sempre em stress e já nem sei quantas vezes acordou o bebé.

O Roy é um senhor. Não liga a ninguém e nunca quer ser incomodado. Ganhou espaço na almofada onde eu durmo. Tirá-lo de lá é mentira. A meio da noite, quando me levanto por causa do Gui, quando volto para a cama...  lá está o Roy. E tirá-lo?! Ou isso ou enrola-se no meu pescoço e ficamos os dois a morrer de calorrrrrrr. Mas a carinha dele... uma infelicidade quando não o deixamos fazer o que quer. Um mimado!!!!

O Jeremias, o nosso primeiro! Era independente e não dava trabalho nenhum. Até ser atacado e ficar com uma hemiplegia. Temos que lhe dar comida à boca. Todos osdias. Isto quando não desaparece um dia inteiro e à noite lá começa a miar para lhe irem dar comida.

Todos nos dão dores de cabeça. Cada um à sua maneira. Mas amo todos muito muito muito.

O Brick não liga a ninguém, MAS quando o Gui se agarra a ele (e um bebé a agarrar um gato é coisa para se fugir!!!) fica quietinho, e deixa-o fazer tudo. Até fecha os olhos quando lhe dá beijinhos.

A Strada arrasta o Gui sempre que lhe puxa a cauda na brincadeira. Ele adora e farta-se de rir com ela.

O Kent quando me vê salta. Salta! Dos poucos momentos que o vejo feliz. E quando lhe abro a porta ele sai disparado, mas se vê o bebé avança com imenso cuidado.

A Bé... não tenho palavras para descrever o que sinto pela Bé. Vi a Bé pela primeira vez estava gravidissima e com as hormonas em alta. E a Bé na rua, com a sua pata para cima, com uma ferida infectada, a procurar um sitio calmo onde não a maltratassem. Desde aí foi amor incondicional. A Bé chora quando lhe dou festinhas. A Bé chora quando a pego ao colo, quando me sento junto a ela. Chora de alegria. Com a cauda a abanar devagarinho com muita calma para aproveitar todos os momentos desta nova vida. E sinto que tem o mesmo carinho com o Gui. O mesmo cuidado. E sobretudo muita paciência.

O Gucci é muito dedicado. Se alguém grita, se alguém ameaça, é o meu (e do bebé) principal defensor. Está sempre à procura de contacto e é a melhor companhia de sempre!

O Roy... o Roy foi o mais mimado de todos. Ia connosco para todo o lado. Até em restaurantes se sentou ao nosso lado. É o mais mimoso.

E o Jeremias... é o primeiro. O gato que não é gato. O gato que faz companhia. Que tomba quando lhe fazemos festinhas. Que mia quando nos vê chegar. E que felizmente volta sempre.

Para mim são todos filhos. TODOS.
E quando voltarmos... temos que arranjar condições para os levarmos.

quinta-feira

Aqui...

Aqui as janelas têm grades.
Aqui não se bebe água da torneira.
Aqui a comida estraga-se por não haver luz... o gerador estar avariado... e o frigorifico parado uma noite inteira.
Aqui há o bicho da mosca. E a bitacaia.
Aqui há mais jipes do que carros.
Aqui bebe-se gasosa ao pequeno-almoço.
Aqui o pequeno-almoço chama-se mata bicho.
Aqui os taxis são Hiaces apinhadas de gente.
Aqui as pessoas usam os chinelos um tamanho abaixo com o calcanhar a tocar no chão.
Aqui as kinguilas atiram beijinhos para o ar para sabermos que são... kinguilas.
Aqui ir ao banco é uma aventura que tanto pode demorar 5 min como 2 horas para fazer exactamente a mesma coisa.
Aqui tratar um documento é uma aventura ainda maior, mas que nunca demora menos de 2 horas, de cada vez que temos que ir onde quer que seja.
Aqui carregar o telemóvel faz-se comprando saldo.
Aqui vende-se um pouco de tudo pelas ruas... no meio do transito.
Aqui sexta é dia do homem.
Aqui há poças de àgua parada. E o lixo tem moscas. 
Aqui os varredores de rua varrem tanto pó como lixo.
Aqui temos que dormir com mosquiteiros.
Aqui os domingos são dias cantados de manhã e mais silenciosos durante o resto do dia.
Aqui beber Redbull de manhã é uma coisa normal.
Aqui diz-se Ainda para dizer Ainda Não.
Aqui ter tanque e gerador são necessidades básicas.
Aqui as mulheres trocam de cabelo a toda a hora.
Aqui as fotos dos presidentes de Angola estão expostas em todo o lado.
Aqui o trânsito é o caos.
Aqui a frase "estamos sem sistema"  é das mais conhecidas nos estabelecimentos públicos e bancos.
Aqui faz-se o melhor feijão com óleo de palma e muamba de galinha.

terça-feira

Queria ter mais tempo para o Gui. Mais ainda.
Tenho saudades de sair e ir dar uma volta. Só ir... passear os cães por exemplo.
Admiro as donas de casa que fazem uma refeição diferente ao almoço e ao jantar.
O Gui já diz tanta coisa.
Tenho tido tempo para mim.
Já tenho todas as prendas de natal.
Nunca há os vegetais que quero para fazer a sopa dele.
Ando a cozinhar cada vez pior.
Hoje tentei ensinar à Celeste os dias da semana.
Não há gargalhadas melhores do que as que ele solta quando brinca com o pai.
Tenho saudades da minha avó.
A minha vida profissional é capaz de dar uma grande volta neste 2015.
Já não me sentia tão entusiasmada para um natal como neste ano.
Temos os dois carros a dar sinais de que vão parar a qualquer momento.
Estou cada vez mais apaixonada pelo homem que escolhi.
Ando calma.
Adoro fazer a minha lista diária de débitos e créditos emocionais.
A Amarela desapareceu...
O Gui brinca tanto com o Guddi.
Há semanas que não ligo às noticias.
Tenho duas grandes amigas grávidas.
Gostava de ter uma semana só para mim e para as minhas pessoinhas em Portugal.
O Gui foge do bacio. Mas puxa o rabo da cadela grande.
Quando ele está de banco espalho os brinquedos todos pela sala.
Vou fazer sonhos e rabanadas no nosso natal.
Ter o meu pai cá deu-me outro espírito.
Já definimos as férias para o próximo ano.
Ele puxa as bolas de natal mas com cuidado.
Não tenho saudades de trabalhar em Portugal.
Está calor.
E chove.

Estou bem...

quinta-feira

Os meus 33

Os meus 33.

Eram para ser passados em sossego. Com calma.

Era para ter levado o meu bebé ao parque. Aquele parque que precisa de uma logistica de segurança tão grande que tem que ser muito bem combinado.

Era para ter combinado um jantar com as minhas amigas do coração cá... e quem sabe até com as novas amizades.

Era para ter pintado com as tintas novas do Gui... com ele... com tudo sujo.

Era para ter curtido o dia.


Mas não... saiu tudo ao contrário...

Os meus 33 foram passados em stress. Porque o meu pai está com uma pneumonia. Porque a minha avó precisa de ir às urgências e não há uma alminha que a leve. Uma única pessoa. Porque a minha irmã está com uma crise de stress sem razão. Porque o carro está com problemas e não dá para sair de casa. Porque não há água. Porque o marido não consegue chegar antes das 17h.

E pronto! É isto.

Planos... vou desligar a net. E vou desligar o botão.
O bebé vai acordar da sesta e eu vou curti-lo. Em casa e sozinhos. E vai saber-me muito bem!