quarta-feira

Adoptar animais de estimação.

O Brick não liga a ninguém. Não se roça em ninguém. Só pensa em dormir, afiar as unhas no meu sofá e saltar o muro.

A Strada roi tudo. TUDO. Roeu os tubos da bomba de água. Roeu a ficha eléctrica. Roeu os farolins dos carros. Roeu o tapete de entrada. Roeu a casota dela. Roeu 4 chupetas do Gui. Roeu e roi tudo o que apanha. Só sabe saltar para cima dos convidados e mal sais de casa se não fazes uma festinha suja-te logo a roupa.

O Kent não deixa que ninguém lhe dê banho. Rosna, morde, ataca. Ninguém lhe pode mostrar água que ele entra em stress. O Kent não quer saber de ninguém. O Kent ladra sempre que alguém passa ou ouve um barulho na rua. Ou seja... constantemente.

A Bé tem uma pata ferida que nunca mais vai conseguir pôr no chão. Tem um problema de pele que só surge quando compramos ração... barata. Por isso, a Bé, cadela de rua encontrada com os ossos a sair pela pele só come Royal Canin. E a Bé não pode ver ninguém desconhecido que ataca. Ataca mesmo. Todas as nossas visitas já tiveram um incidente com a Bé.

O Gucci ladra. Muito. Quando vê uma vassoura. Quando vê o aspirador. Quando o bebé toca flauta. Quando enchemos um balão. Quando alguém bate à porta. Quando o vizinho fala. Quando o guarda assobia. Está sempre em stress e já nem sei quantas vezes acordou o bebé.

O Roy é um senhor. Não liga a ninguém e nunca quer ser incomodado. Ganhou espaço na almofada onde eu durmo. Tirá-lo de lá é mentira. A meio da noite, quando me levanto por causa do Gui, quando volto para a cama...  lá está o Roy. E tirá-lo?! Ou isso ou enrola-se no meu pescoço e ficamos os dois a morrer de calorrrrrrr. Mas a carinha dele... uma infelicidade quando não o deixamos fazer o que quer. Um mimado!!!!

O Jeremias, o nosso primeiro! Era independente e não dava trabalho nenhum. Até ser atacado e ficar com uma hemiplegia. Temos que lhe dar comida à boca. Todos osdias. Isto quando não desaparece um dia inteiro e à noite lá começa a miar para lhe irem dar comida.

Todos nos dão dores de cabeça. Cada um à sua maneira. Mas amo todos muito muito muito.

O Brick não liga a ninguém, MAS quando o Gui se agarra a ele (e um bebé a agarrar um gato é coisa para se fugir!!!) fica quietinho, e deixa-o fazer tudo. Até fecha os olhos quando lhe dá beijinhos.

A Strada arrasta o Gui sempre que lhe puxa a cauda na brincadeira. Ele adora e farta-se de rir com ela.

O Kent quando me vê salta. Salta! Dos poucos momentos que o vejo feliz. E quando lhe abro a porta ele sai disparado, mas se vê o bebé avança com imenso cuidado.

A Bé... não tenho palavras para descrever o que sinto pela Bé. Vi a Bé pela primeira vez estava gravidissima e com as hormonas em alta. E a Bé na rua, com a sua pata para cima, com uma ferida infectada, a procurar um sitio calmo onde não a maltratassem. Desde aí foi amor incondicional. A Bé chora quando lhe dou festinhas. A Bé chora quando a pego ao colo, quando me sento junto a ela. Chora de alegria. Com a cauda a abanar devagarinho com muita calma para aproveitar todos os momentos desta nova vida. E sinto que tem o mesmo carinho com o Gui. O mesmo cuidado. E sobretudo muita paciência.

O Gucci é muito dedicado. Se alguém grita, se alguém ameaça, é o meu (e do bebé) principal defensor. Está sempre à procura de contacto e é a melhor companhia de sempre!

O Roy... o Roy foi o mais mimado de todos. Ia connosco para todo o lado. Até em restaurantes se sentou ao nosso lado. É o mais mimoso.

E o Jeremias... é o primeiro. O gato que não é gato. O gato que faz companhia. Que tomba quando lhe fazemos festinhas. Que mia quando nos vê chegar. E que felizmente volta sempre.

Para mim são todos filhos. TODOS.
E quando voltarmos... temos que arranjar condições para os levarmos.

quinta-feira

Aqui...

Aqui as janelas têm grades.
Aqui não se bebe água da torneira.
Aqui a comida estraga-se por não haver luz... o gerador estar avariado... e o frigorifico parado uma noite inteira.
Aqui há o bicho da mosca. E a bitacaia.
Aqui há mais jipes do que carros.
Aqui bebe-se gasosa ao pequeno-almoço.
Aqui o pequeno-almoço chama-se mata bicho.
Aqui os taxis são Hiaces apinhadas de gente.
Aqui as pessoas usam os chinelos um tamanho abaixo com o calcanhar a tocar no chão.
Aqui as kinguilas atiram beijinhos para o ar para sabermos que são... kinguilas.
Aqui ir ao banco é uma aventura que tanto pode demorar 5 min como 2 horas para fazer exactamente a mesma coisa.
Aqui tratar um documento é uma aventura ainda maior, mas que nunca demora menos de 2 horas, de cada vez que temos que ir onde quer que seja.
Aqui carregar o telemóvel faz-se comprando saldo.
Aqui vende-se um pouco de tudo pelas ruas... no meio do transito.
Aqui sexta é dia do homem.
Aqui há poças de àgua parada. E o lixo tem moscas. 
Aqui os varredores de rua varrem tanto pó como lixo.
Aqui temos que dormir com mosquiteiros.
Aqui os domingos são dias cantados de manhã e mais silenciosos durante o resto do dia.
Aqui beber Redbull de manhã é uma coisa normal.
Aqui diz-se Ainda para dizer Ainda Não.
Aqui ter tanque e gerador são necessidades básicas.
Aqui as mulheres trocam de cabelo a toda a hora.
Aqui as fotos dos presidentes de Angola estão expostas em todo o lado.
Aqui o trânsito é o caos.
Aqui a frase "estamos sem sistema"  é das mais conhecidas nos estabelecimentos públicos e bancos.
Aqui faz-se o melhor feijão com óleo de palma e muamba de galinha.

terça-feira

Queria ter mais tempo para o Gui. Mais ainda.
Tenho saudades de sair e ir dar uma volta. Só ir... passear os cães por exemplo.
Admiro as donas de casa que fazem uma refeição diferente ao almoço e ao jantar.
O Gui já diz tanta coisa.
Tenho tido tempo para mim.
Já tenho todas as prendas de natal.
Nunca há os vegetais que quero para fazer a sopa dele.
Ando a cozinhar cada vez pior.
Hoje tentei ensinar à Celeste os dias da semana.
Não há gargalhadas melhores do que as que ele solta quando brinca com o pai.
Tenho saudades da minha avó.
A minha vida profissional é capaz de dar uma grande volta neste 2015.
Já não me sentia tão entusiasmada para um natal como neste ano.
Temos os dois carros a dar sinais de que vão parar a qualquer momento.
Estou cada vez mais apaixonada pelo homem que escolhi.
Ando calma.
Adoro fazer a minha lista diária de débitos e créditos emocionais.
A Amarela desapareceu...
O Gui brinca tanto com o Guddi.
Há semanas que não ligo às noticias.
Tenho duas grandes amigas grávidas.
Gostava de ter uma semana só para mim e para as minhas pessoinhas em Portugal.
O Gui foge do bacio. Mas puxa o rabo da cadela grande.
Quando ele está de banco espalho os brinquedos todos pela sala.
Vou fazer sonhos e rabanadas no nosso natal.
Ter o meu pai cá deu-me outro espírito.
Já definimos as férias para o próximo ano.
Ele puxa as bolas de natal mas com cuidado.
Não tenho saudades de trabalhar em Portugal.
Está calor.
E chove.

Estou bem...

quinta-feira

Os meus 33

Os meus 33.

Eram para ser passados em sossego. Com calma.

Era para ter levado o meu bebé ao parque. Aquele parque que precisa de uma logistica de segurança tão grande que tem que ser muito bem combinado.

Era para ter combinado um jantar com as minhas amigas do coração cá... e quem sabe até com as novas amizades.

Era para ter pintado com as tintas novas do Gui... com ele... com tudo sujo.

Era para ter curtido o dia.


Mas não... saiu tudo ao contrário...

Os meus 33 foram passados em stress. Porque o meu pai está com uma pneumonia. Porque a minha avó precisa de ir às urgências e não há uma alminha que a leve. Uma única pessoa. Porque a minha irmã está com uma crise de stress sem razão. Porque o carro está com problemas e não dá para sair de casa. Porque não há água. Porque o marido não consegue chegar antes das 17h.

E pronto! É isto.

Planos... vou desligar a net. E vou desligar o botão.
O bebé vai acordar da sesta e eu vou curti-lo. Em casa e sozinhos. E vai saber-me muito bem!

segunda-feira

O meu dia... até agora

8:50 - homem a fazer cocó no meio da rua na via principal em frente ao hospital Americo Boa Vida.

10:30 - homem a fazer xixi para o para-choques de um carro.

11:10 - mulher a conduzir uma moto a discutir com todo o mundo à volta, aos berros e de dedo em riste.

O meu dia está a ficar cada vez melhor.

domingo

Arranjar amigos em Luanda

Luanda é do tamanho de uma ervilha.
Talvez já não seja uma ervilha, mas de uma maçã é de certeza.
Tem não sei 6 milhões de habitantes mas só um grupo pequeno é que tem acesso a recursos e a luxos mínimos que fazem toda a diferença a nível social.
Esse grupo pequeno vai sempre aos mesmo sítios. Às mesmas praias. Aos mesmos restaurantes.
Issp reflete-se quando conhecemos gente nova pois acabam sempre por conhecer pessoas que já conhecemos e o facebook... o facebook é a comédia! É ir aos amigos em comum e perceber que... esta cidade é do tamanho de uma maçã!!!!

Isto tudo para dizer que no meio desta maçã, mais precisamente daquele tal grupo pequenino, é difícil encontrar pessoas que tenham a mesma frequência que nós.

Em portugal há tantos sítios que eu sei que aquele sítio tem "a minha gente". Aquela praia. Aquele restaurante. Aquele bar. Aquele centro comercial. Aquele parque... 
Em Portugal há muita gente!!!!! 

Os meus amigos dão-se com outros tantos amigos que são todos da mesma frequência.
Não estou a falar de betos, rosqueiros, dreads,... Não!
Estou a falar de frequência. 

Frequência minha gente.

Vocês sabem o que é estar num grupo de jovens e a conversa dominante ser as compras que se fez na baixa de NY e que aqueles sapatos da marca "x" estavam baratissimos "vê lá, 600 dolares!!!! Trouxe logo de duas cores!"???? Ou estarem num grupo que começa a beber champanhe às 10h? Ou num grupo que sai todos os fins de semana à noite até às tantas? Ou que o fim de semana normal seja ir passear no SEU barco e enchê-lo de pessoas para comerem e beberem o fim de semana inteiro?

A minha frequência?!

Eu gosto de pensar que são pessoas normais...

São mães que são realmente mães. Têm os dramas de mães. 

Já passei dias junto das babás enquanto todos socializavam porque... eu sou mãe. Tenho um bebé. É chato ter que andar sempre atrás dele, mas faz parte!

Pessoas normais que sabem dar valor ao dinheiro. Que sabem que ele custa a ganhar. Que não esbanjam à toa.

Pessoas que trabalham, e vivem o dia a dia da melhor forma que podem sem terem que provar  aos outros que são melhores ou têm mais.

Pessoas que trabalham e têm horários e responsabilidades...

Pessoas terra a terra.

Atenção!, não estou a criticar os outros. Cada um faz o que lhe apetece. Mas não me sinto na mesma frequência que eles.

Claro que foram anos nesta terra até encontrar essas pessoas. Essas pessoas com quem dá para estar à vontade, que têm as mesmas conversas, os mesmos problemas, a mesma dinâmica.

Mas este ano está a ser uma agradável surpresa :)

sábado

Como é que eu vou explicar ao cerebro desenvolvido e de primeiro mundo do meu filho que fica de 5 em 5 min a esticar-me o comando da tv para eu a ligar q n há tv porque n há luz?!...

segunda-feira

Quando a profissão destabiliza

Este ano muita coisa mudou. Uma delas: o trabalho dele.

E como mudou...

Já sabiamos que não ia ser fácil. Bancos de 24h. Dias "perdidos" em livros. Horas oferecidas à casa.

Ao principio fiquei com receio do tempo que ia passar sozinha. Pela insegurança. Pela solidão.

Mas felizmente 9 anos como filha única foram de uma aprendizagem intensiva de como ocupar o tempo! E o bebé lindo da minha vida é uma excelente companhia.

Já à noite... eu que sou  uma medrosa de primeira, complica um bocadinho mais. Mas hei-de me habituar.

O bom disto tudo?

As saudades dele...

domingo

A vida a dois... e a três ou mais

Acabei de ler o post de uma bloger que sigo há muito tempo, que não conheço pessoalmente nem trocamos muitos comentários mas de quem gosto muito. Pela escrita despreocupada e descontraída sem merdinhas e sobretudo por toda a sua dinâmica familiar gira gira gira e por vezes muito divertida.

Mas fiquei triste. Separou-se. Assim...

Tantas vezes pensei sobre como era gira a relação que ela tinha com o marido. Entre todos.

Ela levava - e leva -  a vida de mãe muito à vontade e de forma descontraída. Boa onda. Sem stresses.

Nunca mais me esqueço de estar a panicar a pensar que ainda estava aqui em Angola, de barrigão, e não tinha nada. Nada!!!! Nem um biberão. E ela lá me enviou um comentário a dizer para não stressar que bebé só precisa mesmo da mãe e do leite que está dentro da mãe. Tudo o resto não era imprescindível!

E pronto. Sem stresses!

...

Cá estou eu, intrometida, a pensar e a sentir tristeza por uma pessoa que não conheço. Mas é... sinto.

Porque é realmente difícil conseguirmos conciliar tudo. Mãe, esposa, profissional, amiga, mulher... tudo! E se as nossas avós conseguiam "na boa", eu defendo as últimas gerações, tão conhecidas pelos divórcios fáceis, que temos mais pressão. De todos os lados!

A vinda dos filhos é impulsionadora dos divórcios?

Acho que não é tão linear assim. Mas ajuda. As nossas hormonas ficam aos saltos. O cansaço é imenso. A vida de toda gente à nossa volta parece igual, só a nossa é que muda radicalmente. E depois a falta de tempo para nós!

Fico triste por saber que mais um casal não conseguiu superar as turbulencias do dia a dia. Um casal, que nesta minha visão distante e intrometida, me parecia fantástico e com uma dinâmica espectacular.

Mas depois penso que apesar de ter muitas vezes uma relação louca e nem sempre saudável, vamos ultrapassando todos os dias. Um por um. Conseguimos ultrapassar a distância. Feitios. Gostos diferentes. Um filho. Vidas profissionais loucas.

E aqui estamos.

Mais fortes do que nunca?

Não sei. Porque quando vêm as fases más parecem sempre ser "a pior de todas". Mas o que é certo é que embatem, podem fazer estragos... mas nós continuamos aqui.

Os dois.
Depois os três.
Quatro.
5. 6. 7. 8. 9. 10.
E já vamos numa família de 11.

8 quatro patas. Um bebé. E nós os dois...

sexta-feira

Tratar de assuntos em Luanda

É uma aventura.
AVENTURAAAAAA!

Pois que eu sou uma aventureira e hoje decidi tratar logo de três burocracias chatas que insistem em permanecer na minha TO DO LIST.

Primeiro:
Depositar um cheque e tentar perceber porque é que negam a transferência de dinheiro para a minha conta.

Coisa simples, certo?!
Errado!

Banco vazio, o que não é normal.
Depois de ficar 23 minutos contados minuciosamente à espera que o senhor depositasse o meu cheque (vocês sabem o que são 23 minutos a olhar para uma pessoa atrás de um balcão com o ar mais atarefado à face da terra enquanto deposita o meu único cheque?!?!?!) passei para o segundo assunto: a transferência que não deixam que aconteça.

E fazê-lo perceber o meu assunto?

Às vezes acho que não percebem pela pronuncia.

Expliquei, expliquei, expliquei...
"tem que marcar o NIB certo",
"mas marcam o NIB certo. Só que aparece uma mensagem a dizer que a conta referida não aceita transferências" , "é porque o NIB está errado"
... e andámos às voltas e voltas e voltas.

Daqui levei meio assunto resolvido e um papel com um IBAN em vez de um NIB.

Pode ser que resulte.

Segundo:
Tratar do seguro do carro.

E isto meus senhores, pensei que fosse o caos.
Papelada e burocracia até mais não, fila de espera de hoooooras e no final um "tem que ir ao banco depositar na nossa conta".

Pois enganei-me!

Tudo certinho. Aceitaram os documentos que eu tinha, multibanco disponivel, voilá!  em 35 min (também contados minuciosamente) tinha o seguro do carro na mão.

Happy happy!


Terceiro:
Tratar da minha carta de condução angolana.

Pois este terceiro já sabia que por maior boa vontade que tivesse do outro lado era impossivel.

Eu até arrisquei levar cartões, passaportes e carta... tenho sempre muita fé que o "mundo facilitado" chegue até aqui. Mas não.

Para além de formulários, fotocópias que seria de esperar e fotos tipo passe tenho toda uma lista de documentos a tratar. Daqueles que levam manhãs. Atestado criminal. De residencia. De certificação da carta (o que é isto?!?!?!?!), etc, etc, etc.

Fica para a semana.

Mas apesar de ter ficado com algumas coisas pendentes estou bem feliz por ter riscado alguns pontos da minha lista.

E é nestas alturas que acho que o smile das palminhas do skype devia existir em todo o lado!!!!!! (Não é, mana?!)

quarta-feira

"Nunca mudei nada lá em casa!"

Admiro aqueles pais que dizem que não mudaram nada em casa por causa do bebé.

...

........

Admiro merda nenhuma! Não vou ser hipócrita!

IRRITAM-ME solenemente os pais que dizem que não mudaram nada em casa.

Como é que é possível?!?!?!?!

"Ah, porque eu digo/dizia não e o bebé  obedecia!"

Pois caros amigos... eu digo não... digo não não não e não! E estou sempre em cima! E não sou das que diz não mas depois quando está cansada deixa fazer. Não! Eu digo não! E não é não! E ele pode chorar, berrar, atirar-se para trás, fazer beicinho ou pedir com carinho, que o não é não!

Ah, e também já tentei a técnica: em vez de dizer "não faz isso" dizer "vamos fazer outra coisa" - vai-se lá perceber que há senhores psicólogos que acham que as criancinhas não podem (ou não devem) ouvir muitas vezes a palavra "não"!. Mas é igual!

Por isso, como o meu filho não pára quieto, parte televisões, perfumes, arranca os fios atrás da televisão e só gosta da gaveta das facas, a minha casa é toda uma nave anti-desastres com bebés.

Ainda tenho sofás, mas se ele continuar a trepá-los da forma silenciosa como tem feito ultimamente acho que os vou tirar também! É que ele trepa-os e fica à espera que olhemos para ele. Quando olhamos ri-se com aquela cara traquina e atira-se cá para baixo.

ATIRA-SE!!!! De repente! À toa! Sem cuidado!

Por isso os sofás têm os dias contados...

segunda-feira

Estou viciada

"No sonho, idealizado nos nove meses de gestação, não havia som, a cozinha não estava permanentemente no cenário, a fralda trocada não tinha cheiro, o bebé não tinha a cabeça torta e a mãe e o pai estavam de banho tomado. Porque o nosso cérebro sonha limpinho e com recurso ao photoshop. (…) Então que me apercebi desta banalidade, que os filhos nascem e muitos dos pais entram em crise. (..) As tréguas são os cinco minutos a sós na casa-de-banho e até mesmo ir ao supermercado é válido para desanuviar.
Podemos culpar as novas identidades, a adaptação, o sono e o cansaço que geram tolerância zero, é tudo verdade. Mas cá para mim, desconfio que a razão principal é bastante mais quotidiana e menos profunda: o bicho papão do casal são as tarefas domésticas. Porque a vida conjugal pós-bebé é tarefeira que se farta. E ser mãe e pai é bom, muito bom. Tarefas à parte. No final, é como diz a frase do poeta: a vida é tudo o que acontece fora do planeado."

"Mas o Dedão d’Ouro vai mesmo para os indicadores, sem os quais tudo seria mais difícil. É que estas falanges carnudas são incansáveis: enfiam-se no bico da tetina do biberão para aniquilar qualquer pingo de leite vivo, entram narina adentro da Laura para soltar o macaco bandido que ela não consegue expulsar, apontam a migalha de pó onde a chucha poderá cair, espalham creme delicadamente como se quer num rabinho de bebé, afogam-se na água do banho a garantir que a temperatura está amena à sua pele tenrinha e limpam cera de orelhas, baba, lágrimas, ranho, cocó."

"Como todas as marcas, a Mãe® também aposta bastante em promoções - até mesmo antes do seu lançamento no mercado, numa estratégia de pré-adesão. Como há, literalmente, mais mulheres que homens, é fácil encontrar mulheres aspirantes a Mães, dispostas a dar um desconto a quem lhes faça um filho. Uma vez brindadas - e exaustas das noites por dormir - são capazes de acionar ofertas de última hora: “Bebé, se comeres a sopa toda, deixo-te ouvir o Tony Carreira enquanto desfazes o cão de pelúcia”. 
Mas o segredo para o seu grande sucesso, a razão da sua liderança inabalável, é este: não há cópia possível da marca Mãe®. Nem na China. Por isso, talvez seja a única marca no mundo inteiro que não vive da ameaça das marcas brancas à venda no mercado. Porque Mãe®, para o consumidor, há só uma."


Sofia Anjos. 
Jornalista do Público

Não tem blog nem tem livro. Um desperdício... 

domingo

Aprendizagens

O meu filho aprendeu a mexer - por mexer digo subir o volume e constantemente por na MTV - no comando da televisao!

sábado

São 8:38 e...

... o meu filho já partiu um brinquedo, atirou duas cadeiras ao chão, pôs a mesa de centro da sala na outra ponta e já conseguiu irritar todos os cães e o gato que em segundos desapareceram todos da minha vista.

Tudo isto em 45 minutos!

Vamos ver como corre o dia.

Gosto dos dias que fluem...

Não gosto dos dias em que o tempo passa a correr, nem dos dias em que estás de 5 em 5 minutos a olhar para o relógio para ver se já são horas de dar jantar, ou banho, ou deitar...

Do que eu gosto mesmo é dos dias que fluem. Em que de repente "oh! Já são horas de fazer o jantar?!". "Oh! Já são horas de tomar banho!". "Oh! Já adormeceu?!"

Ontem foi um dia assim. E soube-me tão bem...

domingo

A pouco e pouco

Lembro-me de estar cansada. De rastos, mesmo. E pensar "nunca mais vou ter tempo de pintar as unhas. Ou arranjar o cabelo. Ou arranjar um look com piada..."

(para mim é sempre o pior ou o ótimo. Não há intermédios na minha vida!)

E a pouco e pouco (passado um 1 ano foi muito devagarinho, mas pronto...) começo a ver tempo fashion aqui para estes lados.

Se bem que estivemos em portugal durante 1 mês e não comprei nada!!! Pronto, só uma saia. Mas umazinha só!!!!! Mais nada!!!!!

Para o ano, quando voltarmos, vou com uma sede de compras que esvazio a Zara, a MNG e a Massimo Duti!!!!

sexta-feira

Adoro esta foto...


E sabemos que a nossa vida mudou quando vamos ver as fotos do facebook e do Instagram e desde Maio de 2013 que é só bebés bebés bebés!

quinta-feira

Acorda. Sorriso malandro. Põe os bracinhos no ar a pedir colo. À medida que vai passando pelos armários vai esticando os braços porque quer sempre qualquer coisa. Chamo a Celeste. Ela fica com ele enquanto me arranjo de manhã.
"Adeus Gui. Beijinhos. A mamã já vem."
Já não chora. É tão bom...
Trabalho, trabalho, trabalho.
Saio já cheia de saudades dele,
Chego a casa.
Almoço.
Ele acorda.
Mal põe os pés no chão...

Corre atrás do Roy para lhe agarrar o rabo. O Roy ladra. Ele acha piada.  O Gucci rosna em apoio solidário. Gui começa a correr atrás do Gucci para lhe agarrar as orelhas. Grande confusão entre rosnares, ladrares e risos.

Silêncio.

Vou espreitar.

Gui está a desmontar a 3ª gaveta. Tudo pelo chão. Quando me vê ri-se e foge para o quarto.

Arrumo a gaveta rápido e vou ao quarto.

Está o computador a ser puxado por sua excelência que já consegue alcançar os primeiros 5 cm das mesas. Evito um desastre electrónico e craneal. Gui ri-se às gargalhadas e foge.

Vou atrás dele.

Sento-o à mesa. Dou-lhe o lanche. Quer porque quer pegar na colher. Lambusa-se todo. No final pega no copo do iogurte e despeja o pouquinho que ficou no fundo sobre ele. Ri-se às gargalhadas. Passa as mãos no sujo da t-shirt e leva à boca. Esfrega os olhos. Iogurte por todo o lado.

Ponho-o no chão. Lavo-lhe as mãos e a cara. Pega na minha mão e leva-me ao quarto dele.

Atira a bola. Chuto na bola. Vai em direcção à porta. Quer ir passear.

Vamos ao quintal.

Confusão maior: Strada aos saltos, Bé às voltas, os mais pequenos a ladrar. Strada só quer dar beijos ao bebé e o bebé não lhe liga nenhuma. Puxa a orelha da Bé, corre atrás do Gucci, afasta a Strada, puxa o rabo do Roy, até que vê a vassoura.

A vassoura!

Corre até lá. Sobe um degrau a custo e pega na vassora.

Hooooooras a brincar com a vassoura.

Dá com a vassoura nos carros, na Strada (como é matulona até ela acha piada), no chão, no portão, põe no ar, põe dentro do balde, põe...

Espera.

Balde! O Gui vê o balde. Com olhos de ver.

Despeja o balde. Atira-se para o chão. Mete as mãos na boca. Isto tudo em milésimos de segundos.

Todo molhado põe o balde debaixo da torneira a custo. Liga a torneira. Água por todo o lado. Balde caido de novo. Cães e gatos fogem todos!

Pego nele ao colo.
BERREIRO! Puxa, estica, bate, "Gui não faz isso", atira-se para trás, puxa de novo, mal entro em casa pouso-o no chão.

Ele levanta-se rápido e vai para o quarto dele. Vou lá ter. Mal chego foge com ar de traquinas. Escolho uma roupa do armário.

"BBBBBBBRRRRRRRRRRROOOOOOOOOONNNNNNNNNCCCCCCCCCC"

Cadeiras e mesinhas a serem arrastadas. Vou até à sala. Dispo-o mesmo ali. A roupa está encharcada. Visto-lhe roupa seca. Chora. Não gosta de ficar quieto.

Liberta-se de mim e continua nas mudanças dos móveis.

Levo a roupa para o cesto.

Silêncio.

Espreito para a sala e não o vejo. Vou à cozinha. Acabou de despejar a taça de água dos cães sobre ele. Ri-se às gargalhadas e foge.

Muda de roupa outra vez.

Espalho os brinquedos dele pelo chão e coloco o tapete da brincadeira. Livro rasgado. Comando da TV roido. Boneco de lado. Começa a bater com a colher de pau na TV.

Enquanto isto preparo o jantar.

Sento-o à mesa. Dou-lhe o jantar. Caos instalado. Roy e Gucci ficam no chão à espera do que vai caindo.

Limpo literalmente o jantar das mãos do Gui. Deixo-o andar mais um pouco à volta dos brinquedos. Rasga mais o livro. Roi mais o comando. Bate com as peças do xilofone no chão. Atira o cavalinho para longe.

Hora do banho. Água por todo o lado. Bebé feliz. Mãe encharcada.

Desliga as luzes. Ponho-o no berço. Mete-se comigo. Faz de esconde esconde. Tento manter a minha postura e não respondo à brincadeira. Dou-lhe festinhas para o acalmar. Dá saltos e ri à gargalhada. Contenho-me. Começa a arrancar o lençol. "Gui não faz isso!" Ri em forma de desafio e tira todo o lençol... e a capa do colchão... e fica só em cima do colchão.

Começa a chegar o sono.

Fica irritado. Começa a chorar. Dá-me o lençol. Chora mais um bocadinho com o lençol na mão.

"Agora ficas assim! O que é que a mãe disse?"

Faz-me uma festinha e dá-me um beijinho.

Fiz a cama. Deitou-se. Já dorme.

Parece um anjinho...


domingo

Porque as memórias de infância nos aquecem...

Fins de semana com Formula 1 ligada o dia todo. 
A minha colecção de bichinhos de conta. Ir com o meu pai ao Zoo encontrar folhas de amoreira para os bichinhos. 
As visitas ao mosteiro da Batalha com a minha avó. 
As férias em Vila Nova. As férias em Monte Gordo. 
Ouvir Diana Krall.  
As competições com a minha melhor amiga sobre quem escrevia mais nas composições da escola. 
Gravar músicas da Radio Cidade em cassetes e ouvi-las no meu walkman. 
A minha mãe a fazer BRRRRRR na barriga da minha irmã. 
As cartas longas que escrevia no Verão aos meus amigos. 
Jogar voley. 
As idas ao hospital para ver a minha mãe. E depois para ver o meu avô. 
Os meus amigos do terraço. 
Pretty Woman gravado em VHS. 
Horas ao Game Boy a jogar Super Mario e Tetris. 
Os recortes da Ragazza e da Bravo. 
A minha avó ir buscar-me para almoçar em casa quando na escola era peixe. 
Os passeios com os meus avós no Estoril. 
A cataplana em família em Sesimbra. 
Eurodisney com os meus pais. 
Os jantares de sexta em que a minha mãe ia comprar salgados ao Califa. 
Ficar sozinha em casa quando a minha irmã ficou internada. 
Passar os cadernos a limpo nas férias escritos com canetas futura azul e vermelha. 
A loucura dos Ficheiros Secretos.
Ir ao Zoo no aniversário da minha irmã.
Netinho em on o dia inteiro. 
Ir com o meu avô comprar a bola de voley. 
A Rosa e a marca que teve no nosso crescimento.
As férias em Londres com os meus avós. 
Os canários amarelo e azul que tinham o nome dos principais da novela da altura. As minhas tartarugas.  A Tucha, a gata mais meiga à face da terra. O Reguila que mordia toda a gente. 
O baloiço de vila Nova. 
Jogar ténis contra a parede. Ir buscar as bolas aos quintais vizinhos.
As bombas que o meu pai dava na piscina. 
As aranhas características do campo. 
As férias na Madeira com os meus pais e irmã. 
Os amores não correspondidos. 
Os meus diários. 
As idas ao cinema nas Amoreiras como programa do dia. 
Dançar com a minha prima. 
Os fins de semana passados em casa dos meus tios. 
As férias em casa dos avós do norte com a minha prima.
As compras no supermercado com a minha mãe.
Os bolicaos. 
Os bolos que a minha avó trazia de mimo quando ia à rua.
A primeira vez que andei de autocarro.
As carteiras com o tampo que levantava na escola.
A guerra do golfo ser tema de conversa nos intervalos.
A máquina fotográfica que eu adorava. Andar atrás da minha avó para me comprar rolos para a máquina.
A mousse de chocolate da tia Isabel. 
O arroz de pato da tia Orlanda que a minha irmã tanto gostava.
Os passeios com os meus tios aos fins de semana.
Quando os meus pais me contaram que ia ter um irmão... irmã.
Quando a minha irmã nasceu. Quando a minha segunda irmã nasceu.
Quando conheci a Cristina. As cartas que escrevíamos uma à outra.
Os jantares em silêncio para se ouvir o telejornal. Mas sempre em família.
Os natais cheios de gente, primos, tios e tias, em casa da tia Zé ou da avó. Os natais que me fizeram gostar do natal.

E podia continuar a escrever... escrever... escrever...

quinta-feira

Porque há pessoas que fazem toda a diferença na nossa vida... Parabéns mana :)

Conhecia-a num almoço de amigos. Estava sentada no sofá com a cara mais antipática à face da terra. Agora que a conheço aposto que estava cheia de fome!

Foi amor à primeira vista? Talvez não... mas foi daqueles amores que se vai gostando cada vez mais da pessoa à medida que se vai conhecendo as suas qualidades e os seus defeitos.

Vivemos juntas durante um ano, em condições difíceis, numa época em que tudo dava errado para as duas, ... tudo fluía para nos matarmos uma à outra. 

Mas não! Pelo contrário. 

Era ela que me fazia tantas vezes rir, achar que aquele dia afinal tinha valido a pena. A minha ouvinte... E se não estávamos na mesma divisão estávamos a falar pelo skype. Sempre. A toda a hora. 24/24h. E gostei cada vez mais dela. 

Ao ponto de um dia perceber que há pessoas que entram na nossa vida e apesar de não terem o mesmo sangue, de não nos conhecerem há anos,... são família. Porque sabem mais de nós e conhecem-nos melhor do que qualquer outra pessoa.

Obrigada meu amor por teres aparecido na minha vida! Obrigada por todas as longas conversas. Pelas parvoíces. Por partilhares os mesmos gostos e as mesmas tontices. Angola valeu a pena por ti!

Feliz aniversário mana :)

terça-feira

Sabe bem voltar aqui :)


Esta é a imagem de fundo do meu PC há 1 mês!
E já só faltam 2 semanas para irmos de férias. Em modo família!!!!
ADORO!
Não me lembro de ti quando apareceste na minha vida. Não me lembro sequer do que senti. Lembro-me de estar cansada só por respirar. Lembro-me de ver o teu pai aflito como nunca o vi. Lembro-me de outras coisas menos importantes. Mas dessas não me lembro...

E depois fomos deixados assim... como que a sós. Tu e eu. E mais o mundo. Mas sobretudo tu e eu.

E foi complicado.

Tu choravas. E comias. E choravas. Não choravas muito, mas choravas... E eu estava com dores. E com frio. E cansada. Tão cansada... E tudo contigo demorava... Demoravas a beber o leite... a mamar... a trocar a fralda... o banho... meu deus, o banho!... Todos os cuidados e pormenores que me passaram tantas vezes ao lado.

Porque eu estava cansada. Dorida. E cheia de sono. Porque para além do cansaço que ficou de quando nasceste não consegui recuperar... e dormia menos... descansava menos... e tinha sempre tantas coisas a fazer... a preparar...

E foste crescendo. E eras lindo lindo lindo! Cada vez mais fofinho aos meus olhos. E foi crescendo assim o meu amor por ti. Devagarinho. À medida que as dores e o cansaço iam passando.

Passámos o Verão em Portugal. De novo... tu e eu! Sempre juntos. Sempre a aprender um com o outro. Descansámos os dois um bocadinho a cada dia. Crescemos. 

E tivemos que voltar para esta terra que não nos diz nada, mas que é onde estamos. 

E viemos.

Agora que olho para trás meu amor, meu anjinho, não te vou pedir desculpas. Porque sei que fui carinhosa contigo e dei-te todo o amor do mundo. Mesmo debaixo daquele cansaço e daquela frustração toda que sentia. De não ter controlo nenhum na minha vida. De ver todos à minha volta com as vidas normais e fantásticas e eu a ter que dar tanto de mim. A ter que te dar tudo. Com dores. E sem poder descansar. Aquele cansaço que me consumia. 

Mas dei-te tudo o que conseguia tirar de mim.

E agora meu amor... agora que estou bem, agora que recuperei... que aprendi a viver contigo assim... sempre ao meu lado. Como equipa. Como parte de mim para sempre. Agora que me ensinaste que "tudo o que importava" pode ser posto de lado e preencher momentos em que não precisas tanto de mim. Agora que me ensinaste a fazer-te feliz e a dar-te o que precisas porque já interages comigo. Agora posso dizer que estou bem. Estou tão bem...



Tenho saudades...

... de escrever neste blog sem conhecer quem está aí do outro lado, sem estar à espera dos comentários, sem estar à espera de alguma coisa.