Depois do dia do pai vi textos e mais textos sobre pais. Pais amigos, pais que estiveram presentes, pais que desapareceram, pais que faleceram, pais normais… e fiquei de todas as vezes a pensar: o que é que eu escreveria sobre o meu pai?
Bem, acho que hoje a coisa vai sair. Não tenho muito para escrever porque é difícil escrever sobre o meu pai. Passámos muitas fases: eu menina, ele trabalhador, eu a crescer, ele a crescer como pai, eu a querer chamar a atenção, ele a dar-me só a estritamente necessário, eu a crescer ainda mais, ele a crescer ainda mais como pai… até que dei por mim com uma relação com o meu pai como nunca vi ninguém à minha volta ter.
O meu pai conseguiu ser o pai fixe com quem fui sair pela primeira vez à noite, que me deixou viver a minha vida como sempre quis, que fazia guerra de almofadas com as minhas irmãs e comigo, que nos levava para as corridas de automóveis e de motos, que passava Domingos na ronha connosco a fazer coisa nenhuma, que chegava mais tarde a casa do que eu, que punha a música aos altos berros, que fazia criancices para me irritar… mas também é aquela pessoa a quem eu posso recorrer sempre que preciso de alguém, que me aconselha, que me ajudou nas fases e nas decisões mais difíceis da minha vida, que me disse sempre alguma coisa de sensato e de animador quando precisava disso, é aquela pessoa que tem sempre um conselho, que tem sempre uma brincadeira para mim, um carinho de pai.
Dei por mim com uma relação com o meu pai como nunca vi ninguém à minha volta tem porque ele é a pessoa, a primeira pessoa, a quem recorro quando preciso de um amigo. Fica cliché, mas é sentido: o meu pai é, sem dúvida, o meu melhor amigo!