terça-feira

Eu e a Política


Quando era mais novinha, lembro-me das reuniões familiares ao jantar em que era exigido um silêncio absoluto na hora do noticiário. Era galhofa da grande antes das 20h e depois das 21h, mas naquela horita, se eu dissesse alguma coisa o "SSSSSSSSSSSHHHHHHH!!!!!" vinha disparado de todos os lados.

Então ganhei um ódio de estimação às notícias, e por arrasto à política (quem não segue noticiários, não consegue acompanhar muito bem a política. Digo eu!).

Entretanto cresci (não em altura infelizmente...) e fiquei a maior fã de noticiários. É a minha companhia de fundo quando estou sozinha. E, também por arrasto, comecei a achar piada à política. Não ao ponto de "gostar" da política, mas comecei a vê-la com outros olhos. Aqueles jogos, as alianças, as cunhas, os discursos, enfim... aquela lenga-lenga de sempre mas que pensando no que está por trás de todo o teatro ganha outro interesse.

Mas quem me conquistou mesmo foi o professor Medina Carreira. Aquele homem é um show? Já alguém o ouviu falar? Ele não tem papas na língua! O que tem a dizer, diz!

E por isso, pedindo desculpa pela extensão do post, eu tinha que deixar aqui alguns excertos da entrevista do jornal i a este génio da frontalidade:

No Ministério das Finanças não faziam contas?
Os ministros das Finanças não fizeram contas, ou se fizeram, não tomaram medidas, são idiotas.

Calculo que não goste das juventudes partidárias e dos jovens que começam cedo a fazer política, mas são esses jovens que hoje começam a chegar à liderança dos partidos.
O defeito das jotas não são as jotas em si. É o parasitismo em que muitos deles vivem. Passam a entregar-se só à política e, quando chega a hora de terem responsabilidades, não estão preparados.

Como vai ser possível explicar às novas gerações, que contestam nas ruas, que não vão ter a maior parte dos direitos que tiveram os seus pais?
As novas gerações, que andam pela Europa, na rua, a reivindicar direitos adquiridos e emprego para a vida e outras coisas boas que os pais tiveram, vão ter de perceber que não vão ter nada disso. Alguém vai ter de lhes explicar que não vão ter as mesmas regalias. Na minha opinião, daqui a 20 anos a Europa vai ter revoluções sociais, porque essas gerações vão ter de pagar a dívida dos pais e vão ter de os sustentar na velhice. É uma geração desgraçada.

Então essa geração, que é conhecida como a geração à rasca, tem alguma razão.
Têm razão, mas ninguém lhes explica que aquilo que eles querem não volta mais. O emprego para a vida não volta. O que me faz pena não é eles serem revoltados. Disso gosto, e é a expressão natural da juventude, mas os responsáveis políticos deviam explicar-lhes que temos de viver moderadamente. Aqui há tempos vieram aqui dois jovens e disseram--me que é preciso fazer manifestações, revoltas... E eu expliquei que a decadência da Europa não se resolve cá dentro. As revoluções só são úteis quando há riqueza para distribuir, mas tem de haver a riqueza. Se só há endividamento, o que é que se vai dar?

(...)Quando eu estava no governo ia à televisão. Não era convidado. Não ia fazer propaganda, ia explicar. Esse é que é o papel da televisão pública. É um instrumento ao dispor do poder político para explicar as coisas. A televisão pode ter um papel espantoso.

2 comentários:

  1. E o senhor e' curto e grosso mas tem toda a razao... "mal habituados" diz a minha mae
    beijinhos

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  2. Eu acho o Medina Carreira um autêntico senhor! Diz o que tem a dizer, é tem (quase) sempre razão :)

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